Jean-Marie Guillouët, « Le portail de Santa Maria da Vitória de Batalha et l’art européen de son temps »

Jean-Marie Guillouët, Le portail de Santa Maria da Vitória de Batalha et l’art européen de son temps, Leiria, Textiverso, 2011.

Le portail principal du couvent dominicain de Batalha a longtemps constitué une énigme au sein du panorama monumental portugais de la fin du Moyen Âge. Aucun antécédent, aucun exemple antérieur ne paraît avoir préparé cet ensemble sculptural d’une telle nouveauté, tant iconographiquement que stylistiquement. Les historiens de l’art portugais se sont heurtés, depuis la fin du XVIIIe siècle, au caractère exogène de cette rupture dans le développement artistique du royaume lusitanien sans parvenir à lui assigner une source assurée. Pourtant, un regard attentif aux dispositions architecturales du monument et une analyse précise de la statuaire de ce portail permettent de proposer de nouvelles hypothèses quant à la chronologie des travaux, la nature du programme iconographique ou la provenance des ateliers du chantier. L’arrivée du mystérieux maître Huguet, qui prend la suite du maître d’œuvre Afonso Domingues, est marquée par un renouvellement profond des intervenants de ces travaux et, consécutivement, des formes et des techniques employées. Ce sont les sculptures du portail de l’église de Castelló d’Empúries en Catalogne, réalisées entre 1406 et 1410 sous la direction du picard Pere de Santjoan (Pierre de Saint-Jean), qui doivent être en premier lieu stylistiquement rapprochées de la statuaire batalhinaise. Le système de couvrement tout à fait spécifique de la salle du chapitre de Batalha prend d’ailleurs directement modèle sur les « bovedas estrelladas » catalanes dont la genèse et le développement en Europe peuvent être suivis entre le milieu du XIVe siècle et le milieu du siècle suivant de Perpignan à Naples. Derrière l’ascendance catalane, se perçoit cependant le poids d’une formation plus septentrionale des sculpteurs de Santa Maria da Vitória qui paraissent avoir connu les travaux de la tour sud de la cathédrale de Rouen et surtout les réalisations d’André Beauneveu pour la Sainte-Chapelle de Bourges ou le château de Mehun-sur-Yèvre.

Le parcours ainsi reconstitué de ces ateliers de sculpteurs, de formation – sinon d’origine – normande ou picarde, ayant été en contact avec les travaux français les plus illustres de la fin du XIVe siècle puis actifs en Catalogne et dans le Levant péninsulaire dans la première décennie du siècle suivant avant d’œuvrer, dans le second quart du XVe siècle, au portail de Batalha, permet de percevoir l’ampleur et la richesse des échanges artistiques dans l’Europe de la fin du Moyen Âge.

Ce fût justement à la  reconstitution de ce parcours que Jean-Marie Guillouët a dédié, patiemment, cette étude pionnier, en établant, indubitablement, un nouveau tablier, et haut, dans la connaissance de l’iconographie du couvent dominicain de Batalha, au Portugal.

Jean-Marie Guillouët, Le portail de Santa Maria da Vitória de Batalha et l’art européen de son temps. Circulations des artistes et des formes dans l’Europe gothique, Leiria, Textiverso, 2011.

Sources : http://textiverso.com/index.php?option=com_content&view=article&id=230:o-portal-do-mosteiro-da-batalha&catid=53:portugalia-sacra&Itemid=96

O portal principal do mosteiro dominicano da Batalha constituiu, durante muito tempo, um enigma no panorama monumental português do fim da Idade Média. Nenhum antecedente, nenhum exemplo anterior se diria ter preparado um conjunto estrutural de uma tal novidade, tanto iconográfica como estilística. Os historiadores de arte portugueses confrontaram-se, desde o fim do século XVIII, com o carácter exógeno desta ruptura no desenvolvimento artístico do reino lusitano, sem terem conseguido atribuir-lhe uma fonte segura. Porém, um olhar atento e uma análise rigorosa da estatuária deste portal permitem propor novas hipóteses quanto à cronologia dos trabalhos, a natureza do programa iconográfico ou a proveniência das oficinas do estaleiro.

A chegada do misterioso Mestre Huguet, sucessor do mestre de obra Afonso Domingues, é marcada por uma renovação profunda no que toca os intervenientes nestes trabalhos e, consequentemente, as formas e técnicas utilizadas. São as esculturas do portal de Castelló d’Empúries na Catalunha, realizadas, entre 1406 e 1410, sob a direcção do picardo Pere de Santjoan (Pedro de S. João), que, em primeiro lugar, se devem comparar com a estatuária batalhense. Aliás, o sistema de cobertura absolutamente específico da sala do capítulo da Batalha toma directamente como modelo as «bovedas estrelladas» catalãs, cuja génese e desenvolvimento na Europa se podem seguir, entre meados do século XIV e meados do século seguinte, de Perpinhão até Nápoles. Por detrás da ascendência catalã, é, no entanto, perceptível o peso de uma formação mais setentrional dos escultores de Santa Maria da Vitória, que parecem ter conhecido os trabalhos da torre sul da catedral de Ruão e, sobretudo, as realizações de André Beauneveu para a Santa-Capela de Burgos ou para o castelo de Mehun-sur-Yèvre.

O percurso assim reconstituído destas oficinas de escultores, de formação − se não de origem − normanda ou picarda, que terão estado em contacto com os trabalhos franceses mais ilustres do fim do século XIV e, depois, continuado activos na Catalunha e no Levante peninsular, na primeira década do século seguinte, antes de trabalharem, no segundo quartel do século XV, no portal da Batalha, permite tomar consciência da amplitude e da riqueza dos intercâmbios artísticos na Europa do final da Idade Média.

Foi à reconstituição desse percurso que Jean-Marie Guillouët se dedicou de forma aturada, num estudo pioneiro que estabelece indubitavelmente um novo patamar, e alto, no conhecimento da iconografia do Mosteiro da Batalha.

 

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